Pastoreio
"Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estavam enfraquecidos e abatidos como ovelhas sem pastor" (Mt 9,36),
As vezes, olhando para o povo de Deus, temos a mesma sensação de Jesus quando olhou para aquela multidão que o seguia e comparou-a a ovelhas sem pastor. Para Ele aquele povo precisava de alguém que os acompanhasse todos os dias, que os fizesse crescer individualmente, que os conhecesse pessoalmente, vendo suas limitações, suas fraquezas, suas necessidades. Aquele povo precisava de alguém que caminhasse com ele assim como as ovelhas precisam de um pastor. Aquele povo precisava de um pastor que soubesse cuidar, ensinar, ajudar a cada um deles, assim como Jesus fez com seus doze apóstolos. Eles precisavam de pastores que não conduzissem as pessoas para si próprios, mas para Deus, para os caminhos do Senhor e do Evangelho.
Sentimos o mesmo hoje em dia. Vemos uma grande multidão de pessoas que se assemelha a um rebanho sem pastor, porque há poucos coordenadores de grupo de oração, líderes, sacerdotes, dispostos a darem verdadeiramente suas vidas pelas suas ovelhas. A Igreja está carente de pessoas que gastem seu suor, que invistam seu tempo, suas orações, suas lágrimas e até mesmo o seu sangue pelas ovelhas que o Senhor lhes confia.
Dar a vida pelas ovelhas.
Quando Jesus falou do Bom Pastor Ele disse que o bom pastor é aquele que dá a vida pelas suas ovelhas. E deu, Ele próprio, o exemplo. Deu a Sua própria vida por nós. Derramou até a última gota de seu sangue pelas suas ovelhas.
Mas, dar a vida não é somente "morrer". Dar a vida é dar tudo o que se possui, é dar o seu dia-a-dia, é dar as suas energias, os seus pensamentos, as suas orações, o seu cuidado, o seu zelo por aquele que Deus lhe confiou, como se fosse o próprio Jesus. É levá-los aos caminhos do Senhor e ajudá-los a caminhar nesta direção. É pegar a ovelha desgarrada, magra, ferida, suja, como muitos irmãos que chegam ao nosso grupo e cuidar delas.
Entretanto, esses irmãos, muitas vezes, continuam do mesmo jeito, por quem zele por eles. E é por isso que precisamos de pessoas que se esqueçam de si, dos seus problemas, e que invistam suas vidas no Senhor Jesus e nas ovelhas que Ele lhes confiar.
Os nosso grupos de oração estão cheios de pessoas feridas, marcadas pela vida, precisando de libertação, de cura, de orientação, precisando aprender a caminhar firmemente no Senhor. Nossos grupos estão cheios de pessoas que não caminham na vida cristã porque não há quem as ajude. E, consequentemente, este grupo não caminha.
Em Ez 34,1-10, Deus nos fala dos pastores infiéis que só cuidam de seus próprios pastos, de seus interesses. Acham que pastorear é simplesmente dirigir uma noite de oração, é ficar na frente satisfazendo a si próprios, às vezes com vaidade, com orgulho, com sede de aparecer. Os pastores infiéis não dão nem atenção às suas ovelhas e acham até importuno quando elas os procuram.
E não pode ser assim. Quando procedemos desta maneira estamos satisfazendo a nós próprios. O Senhor nos entregou um rebanho, e é através deste rebanho que Ele quer realizar a sua obra. Ele quer usar as nossas mãos, os nossos braços, as nossas pernas, a nossa oração. Ele quer que nós protejamos essas ovelhas e as façamos crescer.
Os nosso grupos precisam de pastores segundo o coração do Senhor.
A experiência do discipulato.
Nós não podemos nos contentar somente com uma noite de oração, porque Deus quer mais, muito mais. E o primeiro passo da caminhada que nós devemos dar é a experiência do discipulato.
Ora, a obra mais importante de Jesus, aqui na terra, foi dar a sua vida, morrer na cruz, derramar o seu sangue para nos libertar do domínio das trevas e do seu inimigo. Mas houve outra coisa. Depois da obra da redenção, a mais importante foi a preparação dos doze apóstolos. E é esta a obra de Jesus que devemos imitar através da experiência do discipulato.
Jesus pregou para multidões, fez milagres e realizou prodígios, porém seu trabalho mais importante foi tomar doze homens, acompanhá-los, formá-los, fazê-los crescer, fazê-los discípulos.
Quando Jesus morreu e ressuscitou, o Espírito Santo foi derramado sobre seus discípulos, estes discípulos que foram preparados durante três anos por Jesus, que caminharam, que aprenderam a fazer prodígios e maravilhas com Ele. Jesus subiu aos céus, mas deixou onze imagens suas, onze pessoas que iam fazer o que Ele fez; com o poder do Espírito Santo, é claro, porque sem o poder do Espírito Santo nada é possível.
O discipulato que Jesus fez com aqueles apóstolos foi a base para que o Espírito Santo pudesse realizar a sua obra. Como vemos, esta formação é essencial para as comunidades.
Formando discípulos dentro dos grupos de oração.
Dentro de nossa comunidade, temos vivenciado a experiência do discipulato há algum tempo. Em nossa comunidade cada grupo de oração se reúne um dia na semana para ter meia hora de ensino e uma hora e meia de oração. Além disso, o pastor de cada grupo, escolhe algumas pessoas do grupo que ele percebe que têm mais docilidade ao Espírito Santo e que podem ser instrumento eficazes do Senhor. Ou seja, o pastor, em oração, pede ao Senhor discernimento espiritual para escolher as pessoas do grupo mais abertas ao Espírito Santo para serem, com ele, instrumentos do amor e da graça de Deus.
Escolhendo, por exemplo, seis pessoas (isto vai depender do tamanho do grupo), elas vão fazer parte do grupinho de partilha do pastor. O pastor vai ter uma reunião a parte com elas, semanalmente, para formá-las e partilharem o seu crescimento no Senhor. Vale salientar que o grupo de partilha não é um poço de derramamento de problemas e lamentações, mas um poço de crescimento na fé. Neste grupo são partilhadas as graças que o Senhor tem dado a cada um e as dificuldades, para juntos, uns rezarem pelos outros e crescerem em comunhão com o Senhor. Pode haver também um momento de doutrina, onde pode-se tomar uma passagem bíblica e partilhar sobre ela.
Na mesma semana, ou na semana seguinte, cada um dos seis vai se reunir com outros seis do grupo e vai fazer uma experiência que o pastor fez com eles. E é assim que vão sendo formada pessoas maduras no senhor. O pastor é responsável pelo crescimento daqueles seis e cada um dos seis vai ser responsável pelo crescimento dos outros seis.
Outra que fazemos na nossa comunidade é o estudo bíblico dirigido. Semanalmente, distribuímos uma folha com o estudo bíblico, para que todos os membros do grupo p façam durante a semana e caminhem no mesmo direcionamento.
É importante salientar que fazer parte da Renovação Carismática não é só ir toda semana ao grupo de oração. O grupo de oração é o primeiro passo de algo muito maior que Deus está construindo. É preciso oração pessoal, estudo bíblico e os sacramentos.
E o pastor tem uma responsabilidade muito maior. Como é que vai formar pessoas em oração, se não é fiel na sua? Como é que vai mandar as outras fazerem estudo bíblico, se ele mesmo não o faz? O pastor precisa da Eucaristia diária, precisa de confissão mensal. Nós fomos chamados a ser santos pelo Senhor. E aquele que está à frente precisa ser exemplo, precisa ser luz.
Portanto, precisamos buscar a experiência do discipulato e implantar no nosso grupo a partilha orientada, pois devemos ser pastores segundo o coração de Deus. E o pastor segundo o coração de Deus é aquele que cuida de cada ovelha, ajuda-a a crescer, que dá a sua vida, que gasta o seu tempo. O pastor segundo o coração de Deus é aquele que investe todo o seu ser neste Reino de Deus, que faz este reino brilhar, quer na paróquia, no ou na comunidade.
FONTE: Comunidade Shalom
sábado, 11 de junho de 2011
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